Dai me deparei com um pequeno artigo que consegue resumir boa parte da minha opinião sobre o caminho que estamos trilhando quando o assunto é festa infantil. E não só festa infantil; atualmente qualquer comemoração ou reunião conta com uma gama de opções no mercado para fazer o que chamam de "festa inesquecível".
O comércio criado em volta das comemorações traz boas e ruins consequências. As boas são pelo fato de que praticamente tudo o que se pense em fazer já está disponível no mercado. As ruins são o fato de muitas pessoas se sentirem obrigadas a seguirem padrões "pré determinados".
Que "padrões" seriam estes? Tanto para festas infantis quanto para casamentos, a medida que os anos vão passando, novas opções e configurações de festas surgem. Quem já organizou uma festa de casamento sabe que de um ano para o outro, além dos preços, as composições (se é este o termo correto) de uma recepção estão mais e mais incrementadas, onde não basta uma boa comida e uma boa música, mas é preciso ter uma mesa digestiva, mesa de doces, formas artesanais para os doces, iluminação personalizada, máquina de bolhas de sabão, led na fachada com nome dos noivos, passarela de espelhos, e mais isso, isso, e aquilo,...
O que vejo com tudo isso? As festas, no geral, estão cada dia mais iguais. Até o gosto da comida parece ser igual. Parece-me que a surpresa das festas deixou de existir...
O artigo é O exagero das festas infantis, que transcrevo abaixo.
O exagero das festas infantis
Para poder apagar as velinhas do rebento, os pais agora se endividam em até 12 vezes
Alguém pode me dizer o que aconteceu com as festas infantis?
Sim, me refiro àquelas comemorações onde o bolo permanecia em cima da mesa, tinha brigadeiro roubado antes do "Parabéns" e tia passando a bandeja de coxinhas e esfihas entre os convidados. Pelo que tenho visto, essa modalidade de reunião só está presente na lembrança daqueles saudosos tempos onde os menores de dez anos andavam soltos no banco de trás do Monza.
Os parâmetros atuais são outros.
Para poder apagar as velinhas do rebento, os pais agora se endividam em até 12 vezes. Um salão e um bolo não bastam. É preciso um espaço todo cheio de abundâncias: jogos, obstáculos, barulhos, personagens, atividades, decorações, detalhes, funcionários, fotos. Em um movimento que se assemelha a uma corrida maluca, famílias competem para ver quem traz a maior quantidade de referências colhidas nas redes sociais e em sites especializados, empenhando-se em fazer com que o evento tenha dezenas de curtidas, como manda a cartilha da internet.
Não basta cantar "Parabéns", tem de contratar um grupo de monitoria que entoa quantas vezes for preciso com um entusiasmo de causar inveja a uma lesma, "é pique, é hora" até traumatizar os pequenos (caso verídico, aconteceu comigo). Tem de ter trocas de figurino dignas de bailes de debutantes. Tem de estar paramentado com metros de papel adesivo impresso com o nome e o personagem favorito do aniversariante para, momentos depois do adeus, serem descartados em um lixo qualquer. Lembrancinhas mais caras do que o próprio presente.
Que fique bem claro que sou muito a favor desse ritual que é fazer festa, se arrumar, enfeitar o salão, ganhar presente, receber gente querida para brincar, cantar, comer, beber e celebrar mais um ano de vida. O que tem incomodado –não só a mim, mas a muitas outras mães com quem tenho conversado– é o exagero cada vez mais comum nesses eventos.
Na ânsia de oferecer sempre o melhor para os filhos, pequenas fortunas são investidas em um pacote genérico de festa (quem aqui já solicitou um orçamento para bufês infantis sabe do que estou falando) e os anfitriões acabam se esquecendo de que o importante não é a mesa estar ornando com o convite ou a quantidade de convidados não ultrapassar o número pré-estipulado.
Vale a pena fazer uma pausa para reavaliar as prioridades nos festejos. E na opinião de quem já organizou uma respeitável quantidade de festas de criança e também se descabelou porque a cobertura do cupcake não ficou do mesmo jeito que no Pinterest –essa mãe sou eu– é preciso focar na plenitude da comemoração e na simplicidade da execução.
Por festas mais recheadas de sorrisos genuínos. Porque, no final do "rá-tim-bum", é isso o que importa.