sexta-feira, 31 de maio de 2013

Quando o TER se sobrepõe ao SER

Interessante reflexão sobre como está sendo encaminhada a educação das novas gerações.

Como o texto aborda, parte dos pais de hoje têm como primordial meta dar aos filhos tudo o que eles não tiveram, mas o aspecto é material.

Certamente a redoma na qual alguns colocam seus filhos já está repercutindo nos traços que a sociedade atual apresenta, onde os indivíduos reagem com agressividade ao menor sinal de contrariedade.

Vale a pena refletir com o artigo "Meu filho, você não merece nada".
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Meu filho, você não merece nada


A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
ELIANE BRUM

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O desrespeito na ocupação das vagas preferenciais

Trânsito, estresse, irritabilidade dos condutores e impaciência das crianças são apenas alguns exemplos das dificuldades que encontramos quando precisamos sair de casa com os filhos.

Somado a isso, a contar com a falta de espaço para tantos carros nas grandes cidades, o fator "falta de estacionamento" dificulta mais ainda a tarefa quando temos crianças que ainda não andam.

Aqui em Recife, encontrar uma vaga aos sábados e domingos em shoppings e supermercados é uma luta! E após achar uma premiada vaga, a mesma é normalmente distante e até em área descoberta. Na chuva andamos léguas com um bebê no colo, ou no sol o carro se torna um forno.

Quando meu primeiro filho nasceu, em 2010, descobri a "existência" da Lei Municipal Nº 17.298/2007.

A referida lei trata sobre a reserva de vagas nos estacionamentos para veículos que transportam gestantes e mães com crianças de colo de até 02 anos de idade.

A cada 50 vagas disponibilizadas, 1 vaga deveria ser reservada para esta categoria (nossa!), e as mesmas deveriam, obrigatoriamente, estar localizadas próximo à entrada do estabelecimento.

Deveriam também estar identificadas por sinalização vertical (placa) para que pudessem ser vistas logo na entrada do estacionamento.

O não cumprimento desta lei acarretaria em não renovação ou concessão de licença ou alvará de funcionamento do estabelecimento.

Por que no resumo da lei conjugo os verbos no futuro do pretérito? Porque tudo o que nela consta realmente DEVERIA acontecer, mas na realidade esta lei é tão desconhecida quanto desrespeitada.

Na terça-feira passada, o NE10 postou no seu perfil do Facebook sobre esta lei. Como eu já a conhecia há um bom tempo, rapidamente alertei sobre o descumprimento da mesma tanto pelos estabelecimentos quanto pela própria CTTU; o que resultou na entrevista que concedi para o site.

Em resumo: já passou mais do que da hora desta lei ser cumprida. Cumprimento pela CTTU, para que reconheça nosso direito e pela Prefeitura do Recife para que puna os estabelecimentos que não se adequem a mesma.

Temos uma lei que nos protege mas apenas no papel!


GRANDE RECIFE // DENÚNCIA

Lei sobre vagas prioritárias em estacionamentos não é cumprida no Recife


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Mães com crianças de colo sofrem para estacionar em vagas especiais
Foto: internet


Andréa AlmeidaDo NE10
Um decreto do então prefeito do Recife João Paulo, oficializado no dia 12 de janeiro de 2007, determina que gestantes, mães com crianças de até 2 anos e decifientes físicos devem ter vagas prioritárias no estacionamento de áreas municipais e particulares. Entretanto, a lei dificilmente é cumprida no Recife.

Manuela Melo Freitas, 27 anos, está grávida de 9 meses do seu segundo filho. Na primeira gravidez, em 2011, diz ter passado por constrangimentos em shoppings, entre outros locais onde precisou estacionar o carro. Os seguranças dos estabelecimentos e a própria Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) não seguem a legislação municipal.

"Na época, fui ao shopping com meu filho recém-nascido e não me permitiram estacionar. Entrei em contato com a CTTU para questionar sobre as vagas destinadas a mães com crianças de colo e eles responderam que só gestantes e deficientes têm direito. Um absurdo!", indigna-se Manuela. No dia 6 de dezembro de 2011, a CTTU justificou o ato com a seguinte resposta por e-mail:

"Prezada Manuella Melo,

A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) informa que, segundo o artigo 4°, da resolução 09/2010 do CETRAN/PE, as vagas reservadas abrangem as pessoas com mobilidade reduzida temporária, no caso das gestantes, e definitiva, idosos e deficientes físicos. Portanto, a credencial não é disponibilizada para as mães com crianças de colo". 

Após dois anos, Manuela passa pela mesma situação. Grávida, encontra as mesmas dificuldades e prevê que terá problemas maiores quando o bebê nascer. "Fui à CTTU em outubro de 2012 pegar a credencial de gestante. Por falta, me deram uma de deficiente físico. Não consigo estacionar em canto nenhum e ainda sou constrangida por seguranças. Um deles já me disse que vai da minha consciência deixar o carro na vaga de deficientes", conta.

O portal NE10 questinou a CTTU a respeito do cumprimento da Lei nº 17.298/2007, que "dispõe sobre a reserva de vagas nos estacionamentos para veículos que transportam gestantes e mães com crianças de colo de até 2 anos de idade", e a resposta foi a seguinte:

"A credencial entregue à leitora Manuella Melo é, na verdade, voltada a todas as pessoas que possuem alguma dificuldade de locomoção ou mobilidade, como é o caso das gestantes e deficientes físicos. A diferença entre as duas é a data de validade do documento, que, no caso das gestantes, é o dia previsto para o parto. A credencial, que segue o modelo do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), é distribuída para a população pela Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU).

De acordo com a Resolução 304 de 18 de dezembro de 2008, do Conselho Nacional de Trânsito, o direito à credencial não é estendido às mães com crianças de colo e, sim, às gestantes, idosos e pessoas com deficiência. É preciso contar com a colaboração dos funcionários dos centros de compra. Em 2011, uma campanha teve início, em parceria com o MPPE, as associações dos shoppings e Conselho Estadual de Trânsito (Cetran) para que as vagas sejam respeitadas a todos aqueles que têm o direito assegurado.

As gestantes que desejem obter a credencial devem procurar a sede da CTTU com o exame de ultrasson, laudo médico com a data provável de parto, comprovante de residência e RG, entre 8h e 13h, de segunda a sexta-feira".


De acordo com o advogado Humberto Lima, pelos princípios jurídicos, neste caso, a lei municipal deve prevalecer e não a resolução do Conselho Nacional de Trânsito. "Por ser uma legislação específica e não contrariar a resolução nacional, apenas complementar, deve prevalecer a lei do município", explica o advogado. Humberto Lima acrescentou, ainda, que o Conselho Nacional estabelece normas gerais de trânsito. Como a legislação de 2007 interfere na vida em comunidade específica, fica determinado que mães com crianças de até 2 anos, gestantes e deficientes físicos têm os mesmos direitos quando o assunto é estacionar o automóvel em vagas especiais.


sábado, 25 de maio de 2013

A surpresa da festa não existe mais

Quem me conhece pessoalmente sabe o quanto sou defensora da política "faça você mesma" para praticamente todas as ocasiões festivas. Inclusive no post "Organizando o primeiro aniversário" eu mostrei um pouco da luta para preparar a festinha do meu primeiro filho, erros e acertos.

Dai me deparei com um pequeno artigo que consegue resumir boa parte da minha opinião sobre o caminho que estamos trilhando quando o assunto é festa infantil. E não só festa infantil; atualmente qualquer comemoração ou reunião conta com uma gama de opções no mercado para fazer o que chamam de "festa inesquecível".

O comércio criado em volta das comemorações traz boas e ruins consequências. As boas são pelo fato de que praticamente tudo o que se pense em fazer já está disponível no mercado. As ruins são o fato de muitas pessoas se sentirem obrigadas a seguirem padrões "pré determinados".

Que "padrões" seriam estes? Tanto para festas infantis quanto para casamentos, a medida que os anos vão passando, novas opções e configurações de festas surgem. Quem já organizou uma festa de casamento sabe que de um ano para o outro, além dos preços, as composições (se é este o termo correto) de uma recepção estão mais e mais incrementadas, onde não basta uma boa comida e uma boa música, mas é preciso ter uma mesa digestiva, mesa de doces, formas artesanais para os doces, iluminação personalizada, máquina de bolhas de sabão, led na fachada com nome dos noivos, passarela de espelhos, e mais isso, isso, e aquilo,...

O que vejo com tudo isso? As festas, no geral, estão cada dia mais iguais. Até o gosto da comida parece ser igual. Parece-me que a surpresa das festas deixou de existir...

O artigo é O exagero das festas infantis, que transcrevo abaixo.



O exagero das festas infantis

Para poder apagar as velinhas do rebento, os pais agora se endividam em até 12 vezes
Para poder apagar as velinhas do rebento, os pais agora se endividam em até 12 vezes



Alguém pode me dizer o que aconteceu com as festas infantis?
Sim, me refiro àquelas comemorações onde o bolo permanecia em cima da mesa, tinha brigadeiro roubado antes do "Parabéns" e tia passando a bandeja de coxinhas e esfihas entre os convidados. Pelo que tenho visto, essa modalidade de reunião só está presente na lembrança daqueles saudosos tempos onde os menores de dez anos andavam soltos no banco de trás do Monza.
Os parâmetros atuais são outros.
Para poder apagar as velinhas do rebento, os pais agora se endividam em até 12 vezes. Um salão e um bolo não bastam. É preciso um espaço todo cheio de abundâncias: jogos, obstáculos, barulhos, personagens, atividades, decorações, detalhes, funcionários, fotos. Em um movimento que se assemelha a uma corrida maluca, famílias competem para ver quem traz a maior quantidade de referências colhidas nas redes sociais e em sites especializados, empenhando-se em fazer com que o evento tenha dezenas de curtidas, como manda a cartilha da internet.
Não basta cantar "Parabéns", tem de contratar um grupo de monitoria que entoa quantas vezes for preciso com um entusiasmo de causar inveja a uma lesma, "é pique, é hora" até traumatizar os pequenos (caso verídico, aconteceu comigo). Tem de ter trocas de figurino dignas de bailes de debutantes. Tem de estar paramentado com metros de papel adesivo impresso com o nome e o personagem favorito do aniversariante para, momentos depois do adeus, serem descartados em um lixo qualquer. Lembrancinhas mais caras do que o próprio presente.
Que fique bem claro que sou muito a favor desse ritual que é fazer festa, se arrumar, enfeitar o salão, ganhar presente, receber gente querida para brincar, cantar, comer, beber e celebrar mais um ano de vida. O que tem incomodado –não só a mim, mas a muitas outras mães com quem tenho conversado– é o exagero cada vez mais comum nesses eventos.
Na ânsia de oferecer sempre o melhor para os filhos, pequenas fortunas são investidas em um pacote genérico de festa (quem aqui já solicitou um orçamento para bufês infantis sabe do que estou falando) e os anfitriões acabam se esquecendo de que o importante não é a mesa estar ornando com o convite ou a quantidade de convidados não ultrapassar o número pré-estipulado.
Vale a pena fazer uma pausa para reavaliar as prioridades nos festejos. E na opinião de quem já organizou uma respeitável quantidade de festas de criança e também se descabelou porque a cobertura do cupcake não ficou do mesmo jeito que no Pinterest –essa mãe sou eu– é preciso focar na plenitude da comemoração e na simplicidade da execução.
Por festas mais recheadas de sorrisos genuínos. Porque, no final do "rá-tim-bum", é isso o que importa.

PRISCILLA PERLATTI

Priscilla Perlatti trabalhou durante anos com turismo e depois que se tornou mãe da Stella (7 anos) e da Lia (5 anos) se assumiu designer. Já superou as preocupações com chupetas e desfralde (apesar que as birras ainda são bem comuns) e agora enfrentauma nova etapa com questões como dentes moles, alfabetização e o desapego na criação – esse último uma demanda das filhas já crescidas. Costuma dizer que hoje exerce uma maternidade reativa, pois os anos de experiência levaram embora a ansiedade em se antecipar às possíveis necessidades das crianças e trouxeram calma e serenidade para lidar com os infinitos desafios de ser mãe. Também gosta muito de falar de turismo e lazer com crianças. contato@mamatraca.com.br

domingo, 12 de maio de 2013

Ser Mãe no Dia das Mães

Muitos dias das mães como filha se passaram. Este é meu terceiro dia das mães como mãe, e o segundo estando grávida. Quem já passou por este momento sabe que até comercial de macarrão faz chorar:


Esta propaganda resume bem a dura realidade para algumas mães: os filhos não são nossos.

Nós mães temos uma missão importante e grandiosa, que é sermos instrumentos para o desenvolvimento dos nossos filhos. Nós não somos personagens principais da vida dos nossos filhos, somos apenas coadjuvantes.

Deus quis precisar de nós para gerar, cuidar, auxiliar, ensinar e mostrar o melhor caminho para estas novas criaturas.

Além do cuidado, o que nunca podemos esquecer é que devemos ser exemplo, e isto por si só já será a base para todas as tarefas que precisaremos desempenhar durante as etapas da criação dos filhos.

Ter um filho é muito fácil. Difícil é ser mãe.

É muito fácil proteger o filho dos mais variados maus que o mundo e a vida apresentam. Difícil é deixar seu filho sofrer e amargar frustrações e medos, consciente de que é necessário tal experiência para que ele se torne um adulto seguro e íntegro.

Cuidei de logo cedo ir à missa e agradecer a Deus a dádiva de poder ter gerado duas novas vidas, e todos os dias tentar aprender com meus erros a ser uma boa mãe. Mas de fato o que mais me emociona no dia de hoje é lembrar do exemplo de Maria.

O maior exemplo de generosidade e entrega, sem dúvida, é o de Nossa Senhora, que na sua mais tenra idade aceitou a missão mais grandiosa que um ser humano poderia aceitar: ser mãe do filho de Deus.

Além desta grande responsabilidade, Maria se preparou para o sofrimento da perda do filho. Logo nós mães, que não podemos nem imaginar que nossos filhos sofram, e queremos que este sofrimento seja nosso, nunca deles.



Que nós possamos aprender sempre um pouco com Maria a sermos pacientes, simples, resignadas e confiantes em Deus diante das dificuldades, sabendo que nada acontece em nossas vidas sem que seja por um propósito maior.

Para aquelas que estão grávidas pela primeira vez, saibam que apesar da grande responsabilidade que lhes aguarda, não há neste mundo missão mais perfeita do que ser mãe. O tempo da gestação já nos prepara em parte para a grande transformação de vida que o nascimento de um filho traz.

Uma boa hora para aquelas que estão apenas esperando o momento, e que Nossa Senhora do Bom Parto interceda junto a Deus pelo parto de cada uma.



Um feliz dia das mães!!